A importância da psicoterapia para gestantes
e sua relação com o desenvolvimento

psiconeuroimonológico em bebês.

No livro Cuidados Maternos e Saúde Mental, Bowlby (2006), ressalta a importância da prevenção dos transtornos futuros em crianças através de estudos do desenvolvimento cerebral, tendo como base a observação na qualidade dos vínculos afetivos entre a mãe e o recém-nascido, onde interações afetivas enriquecidas irão favorecer a modulação consciente de reações eficazes frente a estímulos diversos que são apresentados nos diversos ambientes. Contrariamente vínculos afetivos empobrecidos poderiam estar relacionados com experiências psicológicas negativas precoces que afetariam o ritmo das descargas neurais. Para Bauer & Teixeira (2006), o estresse vivenciado nos primeiros meses dentro do útero materno e após o nascimento, está relacionado a predisposição para desenvolver transtornos como depressão e transtorno de estresse pós-traumático, associados a hipofução do eixo hipotalamico hipofisário adrenal (HTA), elevando os níveis de cortisol com desgaste de funções fisiológicas e dos processos inflamatórios deficientes na regulação do sistema imune.

Nesse sentido, o processo de psicoterapia com gestantes, por meio do uso de estratégias de restruturação cognitiva, meditação, habilidades racionais de resolução de problemas, comunicação autovalidante e estratégias de regulacão de emocões tem como objetivos: otimizar as vias das conexões sinápticas e plasticidade neural, prevenindo transtornos de depressão e ansiedade, melhorando com isso, deficits apresentados pelo sistema imune em situações de estresse inerentes ao processo de gravidez, e a tríade: medo, tensão e dor, associados ao parto, assim como as expectativas da mãe em relação aos cuidados do recém-nascido.

Referências:
Bauer M. Teixeira A. Psiconeuroinmunologia in Kapczinski ,F. Quevedo J. Izquierdo I & Colaboradores Bases biológicas dos transtornos Psiquiátricos (pp. 77-85). Porto Alegre: Artmed, 2011. 350 pp.
Bowlby J. Cuidados maternos e saúde mental 2006 . São Paulo : Martin Fontes 5 ed. 239 pp.
Ministério da Saúde. Parto, aborto e puerpério .Assistência Humanizada a Mulher 2001. Brasilia DF, 199 pp.

MINDFULNESS OU ATENÇÃO PLENA,
sua aplicação para

crianças e adolescentes

“Talvez a coisa mais espiritual que qualquer um de nós possa fazer seja simplesmente olhar através de nossos próprios olhos, ver com olhos de inteireza e agir com integridade e gentileza.” - Jon Kabat Zinn

Mindfulness é um termo da língua inglesa que poderia ser traduzido como atenção plena, ao que está acontecendo dentro de nós e a nossa volta no momento presente, sendo o inverso ao que estamos acostumados no dia a dia. Isto é viver no piloto automático.

Nas diversas revisões cientificas da área Mindfulness foi comprovada como estratégia eficaz de tratamento junto a protocolos terapêuticos validados na prática clínica. Apreender a meditar nos proporciona uma melhor qualidade de vida, através de uma prática com atenção consciente das nossas emoções e pensamentos para criar respostas de alta performance e ao mesmo tempo conseguir um estado de paz e tranquilidade.

São muitos os benefícios do Mindfulness para as crianças, adolescentes e adultos, relacionadas com a decisão de mudar hábitos. E fazemos uma avaliação das vantagens e desvantagens da nova conduta.

Os benefícios mais eficazes para a mudança de hábito não são os indiretos, os que ocorrem no futuro, mas sim os diretos, que são gerados ao longo deste processo. Está diretamente ligado ao "modo de ser", ou seja, onde irá desenvolver sentimentos de equilíbrio de forma natural, uma conexão conosco e com o mundo, vinculada ao "modo de fazer", aceitando a experiência e favorecendo a auto regulação da atenção no momento presente, intencionada diretamente para uma meta.

Países como o Reino Unido, Canadá, Holanda, Estados Unidos e Austrália, reconhecem e têm como objetivo incluí-lo nos planos de ensino, de modo que, até 2020, estará em todos os centros educacionais, aproveitando a idade em que o cérebro da criança é muito mais receptivo a essas práticas.

Com o objetivo de despertar continuadamente sua curiosidade, atenção e interesse com o exterior, partindo de uma condição mais receptiva, confiante e relaxada, com foco na atenção em determinados estímulos aumentando sua concentração. Isso traz para as crianças um gerenciamento melhor de suas emoções negativas, entenderem a origem da sua raiva ou da sua tristeza para canalizá-las adequadamente.

Suas técnicas, filosofia e abordagem nos mostram novas perspectivas. Melhorando habilidades sociais em crianças e adolescentes como por exemplo, manejo de situações desafiadoras. Evitando respostas de violência e agressividade na sala de aula.

"Na pressa do nosso dia a dia, todos nós pensamos demais, buscamos demais, queremos demais e esquecemos a alegria de apreciar o ser."

Referências
Kabat-Zinn, J. Mindfulness for beginners 2012, vol. 1, Colorado: Sounds true. 166 pp.

TERAPIA COMPORTAMENTAL
dialética para o tratamento
DE DESREGULAÇÃO
EMOCIONAL

Tratamentos em psicoterapia junto aos tratamentos farmacológicos são necessários para diminuir o processo de evolução sintomática do Transtornos Disruptivos do controle de impulsos e da conduta em adolescentes. Na década de 1980 na universidade de Washington surge a Terapia Comportamental Dialética (Dialectical Behavior therapy (DBT) através das pesquisas da Doutora Marsha Linehan.

A eficácia desse tratamento foi comprovada por inúmeras evidências cientificas através de estudos controlados randomizados e revisões sistemáticas. O modelo de tratamento tem como base a teoria Biossocial a qual refere que fatores biológicos estão relacionados a vulnerabilidade emocional caraterizado por intensidade emocional e sensibilidade aumentada a fatores ambientais. Para a autora os comportamentos de desregulação emocional podem ser considerados como falhas dialéticas guiadas pelo pensamento dicotômico.

A intervenção prioriza princípios e estratégias de validação e aceitação para resolução de problemas, promovendo mudanças de comportamentos através da capacidade de sínteses e integração. O programa foi estruturado em três estágios de tratamento: No primeiro promove-se a segurança e o equilíbrio dos clientes, reduzindo comportamentos suicidas, comportamentos que interferem com a terapia e comportamentos que interferem com a qualidade de vida. O segundo estágio relacionado a diminuição de estresse pós traumático; e o terceiro orientado a desenvolver comportamentos de auto respeito e alcançar metas individuais através de uma vida com autonomia, responsabilidade e com estratégias para prevenção de recaídas .

Miler & Rathus (2007) desenharam um protocolo de tratamento direcionado para adolescentes, modificando o modelo original: foi reduzido o tempo de tratamento de 24 semanas para 12 semanas com base na realidade dos participantes, os conteúdos foram adaptados para uma linguagem mais próxima da população adolescente, incluindo uma sessão grupal de treino de habilidades para eles, e suas famílias, foi adicionado o modulo "Caminho do Meio", com a finalidade de ensiná-los a equilibrar respostas racionais e emocionais.

Referências:
Linehan M.M; Cognitive-behavioral treatment of borderline personality disorder. New York: Guilford Press. (1993a).
Miller A.L; Rathus J.H; Linehan M. Dialectical Behavior Therapy for Suicidal Adolescents. Cognitive Behavioral Therapy Book Reviews. 2007 Vol. 3, No. 6-7. New York: Guilford Press, 346 pp.

TERAPIA
cognitiva

A Terapia cognitiva teve seus inicios na década dos anos 60, sendo o principal representante Aaron T. Beck, na universidade de Pensilvânia . É uma psicoterapia que foi estruturada com técnicas e estratégias direcionadas para a modificação de crenças centrais dos clientes, iniciando pela identificação da relação entre pensamentos disfuncionais, Humor e os comportamentos. Revisões sistemáticas comprovaram a eficácia da terapia cognitiva na remissão dos sintomas do quadro depressivo e no tratamento de outros problemas, como:

Ansiedade generalizada
Transtornos de estresse pós traumático
Transtorno de pânico
Transtorno obsessivo compulsivo

A partir do modelo cognitivo, outras modalidades de terapia cognitivo comportamental foram desenvolvidas entre os anos, 60 e os 90 respetivamente: Terapia racional emotiva de Albert Ellis, a modificação cognitivo comportamental de Meichenbaum, a terapia multi modal de Lazarus.

O protocolo terapêutico inicia com a conceitualização cognitiva, para identificar: Qual é o problema atual? Como foi desenvolvido? E quais seriam as bases que o sustentam? Assim mesmo, se identificam as crenças subjacentes incluindo atitudes, expectativas e regras. Para tal finalidade, o terapeuta inicia pela formulação de hipóteses, sobre os aspectos genéticos, os aprendizados, experiências e estressores que contribuíram com a gêneses e manutenção dos problemas.

Posteriormente elabora-se conjuntamente com o cliente um programa de trabalho com número de sessões em tempo definido. As primeiras sessões abordarão a psico educação do modelo cognitivo: Relação entre interpretação das situações diversas e sua influência nas emoções e comportamentos. Psico educação do problema apresentado, expectativas do cliente sobre o processo terapêutico, checagem do humor, importância de identificar emoções e metas de tratamento. Nas sessões posteriores são apresentadas as principais técnicas cognitivas e comportamentais: habilidades para resolução de problemas, tomada de decisões (Estilos de reação, estratégias como soluções produtivas), refocalização, relaxamento, cartões de enfrentamento, exposição graduada, dramatização, role playing, desensibilização, reestrutração cognitiva (reduzindo os pensamentos disfuncionais e perturbadores), monitoramento da agenda, atividades práticas para casa e analises das mesmas durante as sessões.

Finalmente são discutidas as atividades próximas ao termo: diminuição gradativa da terapia , revisão dos conhecimentos apreendidos ao longo do tratamento, programa de planejamento de auto terapia e avaliação final. (Beck 1997)

Referências:
Beck J. Terapia Cognitiva. Teoria e Pratica. 1995, Guilford Press.